segunda-feira, 16 de maio de 2016

Paulinho Thomaz fala sobre seu segundo disco: Em Pedaços

Foto: Alice Venturi

Em Pedaços; assim foi gravado o novo disco de Paulinho Thomaz. Mas ele não leva este nome apenas por ter sido pensado e concebido em partes, ao longo de três anos, entre 2012 e 2015. Em Pedaços é também o nome de uma das canções do repertório, música que ganhou um clipe, o primeiro da carreira do artista, que gerou grande repercussão depois de ser exibido em canais de TV, como Multishow (Globosat) e BIS (Globosat). 

Com produção de André Mafra, Em Pedaços sucede o primeiro trabalho da carreira de Paulinho (um disco homônimo, lançado em 2010). O álbum foi gravado e mixado por Duda Suliano no estúdio Laboratório Coletivo, em Jacarepaguá, zona oeste do Rio de Janeiro. A masterização ficou a cargo da empresa americana Sage Audio. 

Os músicos responsáveis pelo projeto foram Diego Laje (bateria e percussões), e os próprios André Mafra (baixo) e Duda Suliano (guitarra, violão e instrumentos de corda).

Em entrevista para o Reduto da MPB, Paulinho Thomaz contou todos os detalhes da gravação, carreira, música e expectativas. Em Pedaços é um disco lindo, cheio de poesia. Confira!

De que forma e quando a música entrou na sua vida?

Meu pai ouvia muita música em casa. Tinha muitos vinis e muitos CDs. Quando entrei na adolescência, viajava bastante nas férias e sempre via gente tocando violão nas fazendas, nas festas, ao redor das fogueiras. Aquilo era mágico para mim. E eu era muito tímido. Acreditei que o violão poderia me ajudar com as meninas... então, quando completei 14 anos, decidi fazer aula de música. Aí me descobri compositor e acabei nessa. 

Você lançou seu primeiro CD (um disco homônimo) em 2010. Agora, com o lançamento do seu segundo trabalho, “Em Pedaços”, houve diferenças no processo de gravação? Percebeu muitas mudanças no mercado da música?

O processo de gravação foi praticamente o mesmo. A equipe foi a mesma, o estúdio foi o mesmo. O que mudou é que hoje sou um artista mais maduro. Cheguei pra equipe com um material mais interessante do que o apresentado há alguns anos.

Quanto ao mercado, está sempre mudando. Por exemplo, a existência das plataformas de streaming – Deezer, iTunes, Spotify, GooglePlay etc é uma realidade desse novo trabalho. O antigo CD ainda não pôde contar com elas no seu lançamento. Além disso, o download é cada vez mais raro. Hoje as pessoas querem apenas ouvir. Nada de baixar o arquivo para ocupar espaço no HD, no celular ou onde quer que seja.

Nós, artistas que ainda lutam pelo reconhecimento, estamos disputando a atenção das pessoas diariamente, atrás de novos admiradores e seguidores. Concorremos com tudo nesse mundo multimídia-tudo-aqui-agora . Não é uma tarefa fácil. 


Como foi a escolha do nome do disco?

Eu venho gravando e lançando músicas desde 2012. Aos pedaços fui revelando um CD novo. Além disso, uma das músicas que estão nesse trabalho se chama Em Pedaços. Então, acabei dando esse nome ao disco.

Quem foi responsável pela produção do CD? Onde gravou?

O CD foi produzido pelo André Mafra, o China. Ele também produziu meu primeiro disco, em 2010. Em Pedaços foi gravado no Rio de Janeiro, num estúdio recém-batizado de Laboratório Coletivo. O responsável técnico pela gravação foi o Duda Suliano.

Neste disco, você contou com algumas participações especiais. Quais foram? Já fez outros trabalhos com eles?

Contei com a Elisa Fernandes em Receita de Domingo, música feita em parceria com ela, e com o Tuca Oliveira, que tocou acordeão na música Céu de Outubro. Eles são amigos e parceiros no grupo de compositores Nós de Cabrália. Com a Elisa já apresentei um show chamado NÓS2, onde cantávamos músicas nossas e releituras da MPB.

Quais são suas referências musicais? O que tem ouvido atualmente?

No começo, ouvia muito as bandas de rock da década de 80, especialmente a Legião Urbana. Hoje, ouço muito Gilberto Gil, Lenine, Paulinho Moska e Arnaldo Antunes.

Como é seu processo de composição? Segue alguma técnica?

Geralmente começo pela letra, depois canto o que escrevi e pego o violão para criar a harmonia. Mas não tem regra.


Além do seu trabalho solo, você também participa do coletivo “Nós de Cabrália”. Como ele foi criado? Continuam se apresentando, possuem outros projetos juntos?

O Nós de Cabrália foi criado na fila de um sarau que acontecia no Rio há alguns anos, o Porto Aberto. Eu e outros compositores esperávamos na entrada da Sala Baden Powell, em Copacabana, para conseguir uma vaga e se apresentar no evento. Isso acontecia toda segunda-feira. Então criamos afinidade e passamos a frequentar outros saraus até criarmos o nosso, que hoje acontece no Beco das Garrafas, também em Copacabana, uma vez por mês.

Fora o sarau, estamos gravando nosso CD e, esporadicamente, fazemos nossos shows em teatros, festivais etc. A ideia é intensificar essas apresentações depois do lançamento do disco.

Existe algum lugar especial em que gostaria muito de se apresentar?

Adoraria levar meu trabalho ao palco de grandes festivais como o Rock in Rio, o Planeta Atlântida, o Festival de Verão de Salvador etc. No Rio, espero poder fazer um show no Circo Voador um dia.


Faixa a faixa para o Reduto da MPB: 

- Recomeçar 
Eu sempre procuro uma música nesse estilo pra gravar. Um POP Frejat, um som que tenha uma energia boa, com letra fácil pra que as pessoas possam entender o recado de primeira. Comecei a gravar outra música achando que tinha encontrado o que eu queria. Mas aí compus a Recomeçar. Mostrei para alguns amigos que disseram para eu gravá-la. Então comecei a tocar nos saraus e tive certeza de que deveria investir nela. 

- Em Pedaços
Foi a primeira música que lancei depois do meu primeiro disco. Muitas pessoas se surpreenderam com o salto na qualidade do trabalho. Fomos muito felizes na produção e na gravação dessa canção. Estávamos inspirados... eu e toda equipe. Apesar de ter sido gravada em 2012, a sonoridade dela se mantém muito atual. Em Pedaços tem clipe, o primeiro da minha carreira, que já foi exibido em diversos canais de TV.

- A casa Tá Triste
Essa música é cheia de personificação. As pessoas gostam da ideia dos objetos ganharem vida. Alguém vai embora e a casa começa a sabotar o narrador, achando que ele é culpado. Era uma das minhas músicas mais conhecida até o lançamento desse CD novo. ‘A Casa’ já teve uma versão divulgada na internet, que contou com a participação da cantora Teka Balluthy. Ouvindo a música após o lançamento virtual, comecei a sentir que a história combinava mais com um discurso de uma pessoa só. No CD entrou a versão sem participação.

- Receita de Domingo  
É a “música da comida” ou a “música do almoço”, como muitos falam. Foi feita em parceria com a Elisa Fernandes, cantora e compositora parceira no Nós de Cabrália, que também participou da gravação. É uma das canções mais elogiadas do trabalho e já vem sendo apresentada nos palcos há algum tempo.

- Fabrico Paciência Acredito que essa seja uma das minhas melhores letras. Todo mundo se estressa no dia-a-dia. Uns xingam, outros piram... eu resolvi fazer uma canção. Gosto muito do trabalho do Arnaldo Antunes e acho que Fabrico Paciência tem muita influência da arte dele.

- Desprevenido
Canção feita em parceria com o André Mafra, produtor do CD. É dona da harmonia mais diferente do disco. O André, vulgo China, tem influências bem distintas das minhas, talvez por isso que a gente se dá tão bem profissionalmente. Ele sempre chega com alguma coisa que eu nunca vi ou nunca fiz. No caso de Desprevenido, ele me passou a música e eu fiz a letra.

- Céu de Outubro

Céu de Outubro tem uma letra cheia de poesia. É quase um desabafo. Passei por muitos problemas pessoais ao longo do processo de gravação desse novo CD e isso se refletiu muito nessa canção, ao meu ver. Nela, contei com a participação do amigo de Nós de Cabrália Tuca Oliveira, que tocou acordeão.

- De Repente

Essa é outra música bem POP. Muita gente a apelidou de ‘música da pipa’, já que essa palavra aparece no começo do refrão. Eu gosto bastante da melodia e da harmonia dela.


Onde é possível encontrar o seu disco?

Por enquanto, só na Internet. Ele está disponível integralmente em todas as plataformas de streaming, como Spotify, iTunes, Deezer. Muito em breve o CD físico chegará às lojas.

Capa do Disco por Alice Venturi

Ouça o disco:



Em Pedaços já está em nossas playlists do Spotify. Siga o Reduto da MPB 

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