por Tiago Freitas
A cantautora carioca Delia Fischer estreou oficialmente em 88
com o Duo Fênix. Depois, lança mais um par de discos com esse duo para, em 99,
lançar o primeiro solo, que leva o nome do seu filho, Antonio.
O primeiro CD como cantora surgiu em 2010: Presente, disponível pra ouvir na internet. Ganhou produção, arranjos e composições de Delia, e participações de nomes que vão de Hermeto Pascoal a Ana Carolina. A ele se seguiu "Saudações Egberto", de 2011.
Em seu novo single e clipe, "Olha" (disponível nas melhores
plataformas digitais), Delia resgata hit da dupla Roberto e Erasmo Carlos,
gravado pelo Rei em 75. Segundo Delia, a música ganhou arranjo num formato
diferente, "sei da admiração dele por Chet Baker, João Gilberto. Quero
aproximar essas referências nessa leitura mais jazzy. ”
Abaixo você confere o clipe de "Olha" e Delia ainda fala da nova
fase na carreira, sobre os desafios de gravar essa faixa e de como a
arquitetou. "O meu critério engloba a minha escola, que é interpretar, mas
também arranjar, e como faço teatro, penso na cena no que existe nesse
subtexto", ela avisa. Com vocês, Delia Fischer.
Qual a sua primeira lembrança
do Roberto Carlos?
Roberto e Erasmo são como se
fossem nossos parentes, pessoas que sempre existiram nas nossas vidas desde
sempre. Desde criança, já brincava cantando suas canções. Sou de uma época que os
artistas eram nossos heróis: ele e Erasmo, Wanderléa, Elis Regina, Chico Buarque,
eram personagens das minhas canções prediletas aos cinco anos
Roberto e Erasmo fizeram Olha,
qual a sua relação com Erasmo?
Adoro o Erasmo Carlos e tive a
alegria de gravar no CD dele de 2011, “Sexo”, com produção do Liminha, uma
delícia!
Como gravar uma música tão
conhecida?
Eu sinceramente tenho uma escola
nos últimos anos de direção musical e arranjos para teatro musical. Me deleitei
e me diverti arranjando e cantando Beatles (num céu de diamantes), Milton
Nascimento (nada será como antes), escrevendo e dirigindo Elis a Musical e
outros, portanto, tocar em obras intocadas tem sido o meu dia a dia, quis
trazer isso também para a minha carreira.
Por qual motivo você escolheu
essa música como single?
Por ser algo especial e diferente
dos meus outros trabalhos. Tenho CDs autorais e um dedicado a releitura da obra
do Egberto Gismonti, chamado “Saudações Egberto”. Penso que essa faixa poderia
dar margem a um disco de interprete e releituras, mas o caminho que vou seguir
no momento, para o próximo trabalho, será o autoral novamente.
A levada de jazz surgiu como?
O jazz surgiu naturalmente
pela minha familiaridade e interação de um gênero onde cresci e me criei no
começo da carreira, então, foi muito natural querer usas os “chorus” de
improviso, ainda que pequenos, mas bem no estilo jazzístico que gostei de
misturar nessa canção.
O clipe foi elaborado a partir
de qual conceito?
É um clipe feito e gerado no
amor entre amigos. A direção de Pernan Santos explora o Rio, a beleza da Urca
(bairro onde o RC mora). A ideia dele não é a oposição da canção, apesar do
clima solar e feliz; a história está toda ali, assim como na gravação, embora
seja diferente falarmos das mesmas coisas, do amor, da paixão, da beleza, da
esperança e do amor incondicional. Para isso levei a minha bicicleta, meu veículo
predileto aqui no Rio, para fazer o “meu caminho só de amor…”
Como é fazer essa música ao
vivo?
É sempre muito legal a reação
das pessoas; Por se tratar de uma releitura, muitos não percebem a canção no
começo e se surpreendem já no meio da música em ver que se trata da boa e velha
canção de Roberto e Erasmo.
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