quarta-feira, 2 de março de 2016

Entrevista: Delia Fischer

 
por Tiago Freitas
 
A cantautora carioca Delia Fischer estreou oficialmente em 88 com o Duo Fênix. Depois, lança mais um par de discos com esse duo para, em 99, lançar o primeiro solo, que leva o nome do seu filho, Antonio.

O primeiro CD como cantora surgiu em 2010: Presente, disponível pra ouvir na internet. Ganhou produção, arranjos e composições de Delia, e participações de nomes que vão de Hermeto Pascoal a Ana Carolina. A ele se seguiu "Saudações Egberto", de 2011.

Em seu novo single e clipe, "Olha" (disponível nas melhores plataformas digitais), Delia resgata hit da dupla Roberto e Erasmo Carlos, gravado pelo Rei em 75. Segundo Delia, a música ganhou arranjo num formato diferente, "sei da admiração dele por Chet Baker, João Gilberto. Quero aproximar essas referências nessa leitura mais jazzy. ”

Abaixo você confere o clipe de "Olha" e Delia ainda fala da nova fase na carreira, sobre os desafios de gravar essa faixa e de como a arquitetou. "O meu critério engloba a minha escola, que é interpretar, mas também arranjar, e como faço teatro, penso na cena no que existe nesse subtexto", ela avisa. Com vocês, Delia Fischer.


Qual a sua primeira lembrança do Roberto Carlos?

Roberto e Erasmo são como se fossem nossos parentes, pessoas que sempre existiram nas nossas vidas desde sempre. Desde criança, já brincava cantando suas canções. Sou de uma época que os artistas eram nossos heróis: ele e Erasmo, Wanderléa, Elis Regina, Chico Buarque, eram personagens das minhas canções prediletas aos cinco anos

Roberto e Erasmo fizeram Olha, qual a sua relação com Erasmo?

Adoro o Erasmo Carlos e tive a alegria de gravar no CD dele de 2011, “Sexo”, com produção do Liminha, uma delícia!

Como gravar uma música tão conhecida? 

Eu sinceramente tenho uma escola nos últimos anos de direção musical e arranjos para teatro musical. Me deleitei e me diverti arranjando e cantando Beatles (num céu de diamantes), Milton Nascimento (nada será como antes), escrevendo e dirigindo Elis a Musical e outros, portanto, tocar em obras intocadas tem sido o meu dia a dia, quis trazer isso também para a minha carreira.

Por qual motivo você escolheu essa música como single? 

Por ser algo especial e diferente dos meus outros trabalhos. Tenho CDs autorais e um dedicado a releitura da obra do Egberto Gismonti, chamado “Saudações Egberto”. Penso que essa faixa poderia dar margem a um disco de interprete e releituras, mas o caminho que vou seguir no momento, para o próximo trabalho, será o autoral novamente.

A levada de jazz surgiu como?

O jazz surgiu naturalmente pela minha familiaridade e interação de um gênero onde cresci e me criei no começo da carreira, então, foi muito natural querer usas os “chorus” de improviso, ainda que pequenos, mas bem no estilo jazzístico que gostei de misturar nessa canção.

O clipe foi elaborado a partir de qual conceito? 

É um clipe feito e gerado no amor entre amigos. A direção de Pernan Santos explora o Rio, a beleza da Urca (bairro onde o RC mora). A ideia dele não é a oposição da canção, apesar do clima solar e feliz; a história está toda ali, assim como na gravação, embora seja diferente falarmos das mesmas coisas, do amor, da paixão, da beleza, da esperança e do amor incondicional. Para isso levei a minha bicicleta, meu veículo predileto aqui no Rio, para fazer o “meu caminho só de amor…”

Como é fazer essa música ao vivo?

É sempre muito legal a reação das pessoas; Por se tratar de uma releitura, muitos não percebem a canção no começo e se surpreendem já no meio da música em ver que se trata da boa e velha canção de Roberto e Erasmo.

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